quarta-feira, 19 de maio de 2010

Medo....

Devíamos aprender a valorizar o medo nas nossas vidas.... Hoje, talvez toldada pelo turbilhão de emoções que se impõem nos vários parâmetros da minha vida neste momento, acordei (se é que dormi.... :/) com a ideia fixa de que devia ter medo mais vezes... O medo de perder, o medo de não acordar, o medo de sofrer, o medo até de viver... Porque acima de amar a vida confesso que não tenho estado a respeitá-la o suficiente tomando tudo como garantido, imutável e constante...
"Devia ter amado mais, sonhado mais, ter visto o Sol nascer...", acho que é assim que versa a letra de uma música... Pois eu sinceramente acho que é disso tudo que eu devia ter medo... O medo de gostar, esse, apenas no sentido com que me atinge hoje mais do que nunca, me faz não controlar um movimento trémulo que descontrola os meus gestos e me faz sentir o sabor do sal das lágrimas que sem pedir licença correm em fio pelo pânico que se assola de mim neste momento, apesar de todo o pensamento optimista que quero manter mas... ninguém merece sequer ter esta hipótese para encarar e sei que nunca estou preparada para estes dias "decisivos"... Por isso eu digo que mais dias da minha vida eu devia sentir este medo de te perder, para assim dar-te ainda mais valor e relativizar com mais força as coisas realmente pequenas.
Eu devia sim ter medo de sonhar, apesar de não acreditar no sonho cor-de-rosa, na utopia e na ilusão... A idade e a experiência podem não servir para muito mais mas seguramente que nos fazem dissipar os olhos embaciados com que por vezes gostávamos de olhar para as situações e torná-las douradas...Eu devia ter medo de não acordar amanhã, sim, esse eu devia ter mais do que qualquer pessoa porque me lembro claramente que já senti na pele a realidade de ter noção que a minha vida estava por um fio, que aos 27 anos eu perdia a juventude, o riso, o crescer dos meus sobrinhos, as minhas realizações como ser humano, como mulher, como mãe um dia que quero ser.... Tive medo aí e "obriguei-me" a lembrar desse dia cada vez que estivesse a perder demasiada energia com coisas que posso controlar mas depressa o perdi à medida que simplesmente me fui limitando a ser eu própria e a sentir e vivenciar as experiências com a intensidade que acho que me merecem... Não me arrependo, em nenhum momento, dos medos que tenho quando eles servem para me fazer ver o valor das coisas e esses acredito mesmo que eu devo valorizar... Arrependo-me dos medos que não tive no momento certo e depois me fazem perceber que o tempo não volta atrás, que há palavras que já não se podem dizer, que há pessoas que já não podemos abraçar, que o sol não deixa de nascer para o mundo mas para as pessoas deixa...
Hoje o medo impera... Medo.... Sem vergonhas, sem subterfúgios, choro esse medo representando todas as valências da minha vida em que neste momento me sinto vazia...
Acima de tudo, aprendo mais uma vez, que os medos às vezes servem para me lembrar que sempre lutei desde que me conheço por gente para os combater, mesmo que isso signifique derramar algumas lágrimas pelo meio, mas nada chega à sensação de que para ser grandes temos que ser inteiros... Viver a cinquenta por cento para mim não é uma hipótese... Por isso das vezes em que tenho coragem para ter medo é porque realmente há um significado enorme por trás....
Até já....