domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sóbria....

O meu nome é Natália e estou sóbria há.... o que importa o tempo?
Importa os olhos com que olhamos para tudo como se fosse a primeira vez e a força com que dizemos: "Não quero mais beber deste copo!" Por copo não poderá ser-se literal e apenas encarar como se de um inebriamento físico esta postagem fizesse referência.
Pelo contrário... Porque uma ressaca química facilmente passa no dia seguinte, com mais ou menos comprometimentos no nosso estado anímico e capacidade de reação mas não nos tolda tanto a capacidade de nos mantermos sóbrios do que quando a "bebedeira" é espiritual...
Tragamos diariamente várioas cálices e alguns conseguimos logo com toda a lucidez dizer que não gostamos do sabor, que não queremos repetir. Contudo, existem aqueles que não tendo sabor adocicado não conseguimos evitar que nos contagiem com a sua força e peçam para ser repetidos. E nós que sabemos que não nos faz bem? E nós que os bebemos em consciência de que não o devíamos fazer ? Onde está a nossa capacidade de sobriedade e a suposta racionalidade que nos distingue dos animais?
Mas exatamente porque de animais nos tratamos há "néctares" que precisamos de beber até cansar, há "licores" que precisamos de enjoar, há "vinhos" que só deixamos de gostar quando já tanto nos amargam a boca... Até lá, tudo sabe bem, tudo parece ser harmonioso para com a nossa vontade de sorver cada gota como se fosse a última.
Mas... o espírito também se cansa e a alma, por vezes, precisa de provar novos sabores para perceber que afinal os anteriores não nos faziam falta, apenas nos tinham causado habituação...
Lentamente, comecei a notar que a pior intoxicação não é a desses sabores mas a da ideia que nós construimos deles e que essa sim causa a sensação de dependência, necessidade, vício... e é exatamente aí que este texto mantém a coerência da primeira à última linha, sabendo que na sobriedade não importa o tempo mas sim cada novo dia, o reciclar de um pensamento assertivo de negação para algo que não nos faz bem e do qual nos podemos desintoxicar.
O meu nome é Natália e não, não escrevi sobre quaisquer bebidas alcoólicas a que estivesse presa mas sim sobre tudo aquilo que fui permitindo que me inebriasse ao ponto de não pensar primeiro em mim mas sim na necessidade de alimentar esses hábitos. Mas nada como trocar um "vício" por outro, um gosto por outro e eis que tenho vindo a fazer isso, sendo que a majoração do consumo tem sido em energias cármicas, capazes de dissecar a "ressaca" no efeito de placebo que todas essas "substâncias" já estavam a ter na minha vida...
Até já....

domingo, 22 de janeiro de 2012

Luzes, câmara, ação!!!!

Ainda não havia inaugurado o novo ano aqui no blogue, mas foi uma decisão deliberada e não apenas pela azáfama em que tenho estado embriagada. Foi com toda a sobriedade que não fiz nenhum balanço de final de ano e mais lúcida ainda que também não esbocei nenhuma linha orientadora para 2012...
Pragmaticamente, o guião já está feito há muito e vem sido adiada a escolha das personagens e do soltar do grito de ordem: "Luzes, câmara, ação!"... Escrevi com tenuidade alguns esboços da caraterização necessária mas, qual constante da vida, as surpresas vão surgindo e nem sempre nos conduzem a um ensaio geral mas, por vezes, a uma rebuscagem de episódios já vistos e cujo final já conhecemos tão bem...
A vida, encarada como simples soma das partes, é uma peça de teatro em que o direto é a dinâmica e os imprevistos conferem riqueza aos intervenientes mas nem todos os dias e nem todos os seres conseguem assumir a imprevisibilidade como ponto de partida ou de chegada e são toldados pela incapacidade de aplaudir as pequenas vitórias e as grandes derrotas como pontos de partida para novos capítulos...
Por certo nenhum ser é capaz de encarar a vida só como comédia, só como drama, só como suspense, só como thriller.... É necessário que todos os géneros nos pertençam e enriqueçam a nossa personagem e cenários para que pela experimentação sejamos capazes de nos identificar e enriquecer enquanto atores deste processo.
De momento, pauta-me a sensação de que preciso apenas de rir, chorar, aplaudir, gritar, amar, "desgostar", viver...tudo com a intensidade de um direto mas assumido como se permitisse ensaios e o fosse fazer muitas e muitas vezes, porém nunca sabendo quando é a última...
Mesmo sem ser sob as luzes da ribalta sinto que o pano abriu e eu abracei o palco com a necessidade de experimentar narrar-me e representar-me, mesmo sem espreitar se o público estava pronto ou as luzes meticulosamente prontas para captarem todos os movimentos... E aos que me assistem não garanto um espetáculo hilariante, coeso ou bem estruturado... apenas EU!
Até já...