domingo, 30 de janeiro de 2011

Imortais....

"Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir

Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for para onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes..."

Somos imortais enquanto acreditarmos que conseguimos encher de luz algum lugar ausente... Hoje considero-me imortal mas também com imortalizações em mim porque também eu já recebi dessa luz, quando a vida nos troca planos sem sequer pedir...
Contudo, há que canalizar estas trocas de planos para nos fazermos importar com o que nos faz sentir... como mulher estou em standby mas como ser humano estou a tentar ser "pirilampo" e agarrar a vida entre os dedos de quem a vê escorrer como grãos de areia que tarde ou cedo acabarão todos por cair por não a conseguirmos impedir de seguir a força da gravidade... Há um momento em que me senti mais imortal do que nunca, o dia em que o meu nome entrou na lista do Centro de Histocompatibilidade de Medula Óssea... Poucas vezes na vida me senti assim tão grande, até ter tomado uma outra decisão que ainda está em curso mas para a qual vou empenhar todas as energias positivas: o voluntariado na Liga Portuguesa Contra o Cancro...
E porquê? Porque o Cancro existe... Porque já lhe provei o amargo sabor contando a história na 3ª pessoa, na pessoa que mais amo no mundo mas, acima de tudo, porque cada minuto em que nos confrontamos com a morte damos mais valor à vida e cada minuto pode ser o último.
Neste momento poucas coisas fariam tanto sentido na minha vida e me tornariam mais feliz do que esse pequeno gesto mas, infelizmente, até para "dar" é preciso tanta burocracia :s MAS quando se dá com este amor acredito que se recebe, embora na vida eu não dê à espera de receber, apesar de neste campo eu desejar intensamente poder dar e receber. E dar é apenas tempo, conforto, carinho, ouvidos ou silêncios. O receber são todas as vezes que conseguir ter a certeza de que fui um ser humano melhor, fui capaz de encher de luz os lugares ausentes e me torno, assim, imortal para quem em mim se imortaliza...
Hoje esta música tem ainda outro sentido, mas esse faz parte do "saber amar", aquele "amor" que não só se imortaliza como também se materializa...
Ainda não é o Diário de Bordo do dia 3, mas é uma consequência clara da 2ª decisão importante do ano...
Falta pouco para o dia 3, falta pouco para o 30º aniversário, será que falta pouco também para a 3ª decisão importante do ano????? Quem sabe... :D
Até já...

sábado, 22 de janeiro de 2011

"Gosto tanto de ti" e "amo-te"...

Diário de bordo do Dia 2...
Mantém-se a motivação, mantém-se claramente a energia mas começou o delicado processo de "escavar"... Acredito que somos além da matéria que nos constrói como figura de gente, acredito que há "vida" dentro de um corpo e acredito mais ainda que dentro do mesmo existem "gavetas"... Gavetas??? Pois, aqueles compartimentos onde gostamos de arrumar as coisas; às vezes para sabermos metodicamente onde elas estão, outras vezes acho que pela inocência de acreditarmos que assim organizamos e controlamos tudo...
Bom, discordo. Agora que me tem sido permitida esta visão de mim percebo que tinha muitas gavetas vazias e outras cheias demais, algumas delas até mesmo com necessidade de serem devidamente recicladas e reorganizadas, de modo a que se elimine tudo o que ocupa espaço e se encha tudo o que está vazio... Estava "pouco cheio" o amor-próprio, a ambição, o empenhar-me activamente em ir mais longe. Estava cheio de mais o "gosto tanto de ti", seja em que domínios da minha vida for...
Fui confrontada com a mais bonita das definições e distinções entre o "Gosto tanto de ti" e o "amo-te" e claramente percebi que nada melhor do que amar pois só assim nos tornamos conscientes de que as gavetas nas quais tentamos esconder as coisas para elas não terem existência são inúteis e não mais são do que pedaços ocos da nossa personalidade.
Surge um parêntesis rápido para esclarecer que não estou a usar a dicotomia "gosto tanto de ti"/"amo-te" na perspectiva homem-mulher mas sim na minha perspectiva de mim para com tudo o que faz parte do meu mundo. Se calhar vezes demais achei que gostava tanto das coisas quando afinal eu devia era amá-las!! E não, não vou aqui esclarecer a diferença entre as duas expressões, apenas a minha felicidade em ter conhecido a diferença entre ambos pois só assim percebi que afinal não falhei tanto quanto achava, que afinal posso e devo gostar das "coisas" mas não ao ponto de me esquecer de as amar...
Dia 2, mais um pequenino passo, mas que continua a ser na mesma direcção e de onde surgiram novos desafios aos quais já comecei a dedicar-me.
Anseio já pelo dia 3, porque sei que vou precisar de ainda mais força e porque sei também que neste processo todo vou cair muitas vezes mas com toda a certeza tenho a lembrança das vezes em que me empurraram ao chão e eu me ergui... Por isso, agora que estas quedas são provocadas por mim serei ainda mais capaz de me levantar!
É pelo dia 2 que hoje posso gritar a plenas pulmões "amo-te" e não dizer-te o "Gosto de ti!" !!!!!
Até já....

sábado, 15 de janeiro de 2011

Pensar na primeira pessoa:EU!

Hoje foi dia... O primeiro de alguns... Foi um misto de emoções: ansiosa, expectante mas, acima de tudo, motivada para tentar desconstruir alguns aspectos de mim que de tão estruturais têm que desintegrar o puzzle que sou. O todo é, no entanto, bem mais do que a soma das partes, mas quando as partes têm arestas por limar elas não vão encaixar harmoniosamente e irão ser sempre pedras angulares a dificultarem a harmonia.
Posso dizer que, pela primeira vez na vida, não sinto necessidade de sonhar, sinto necessidade de viver para concretizar esses tais ideais que outrora chamaria de sonhos. Mas não o são, são metas que podem perfeitamente ser realidades se empregarmos nelas energia para saber reciclarmo-nos.
Não fiz promessas para o ano novo e acho que é isso que me tem dado tanto ímpeto para operar algumas mudanças que há algum tempo estavam guardadas em gavetas, não vou falar delas por antecipação porque apesar de não ser muito supersticiosa acredito na máxima de que energias positivas trazem energias positivas mas as negativas também trazem negativas...
Por agora o imperativo é definir prioridades. A primeira já está, sou eu, venha o que vier, mas nada será maior do que a minha alma... Seguem-se ponderações a nível profissional, a nível estrutural de vida e, o que mais delicado será, se vou mesmo ousar arriscar os desafios que têm sido equacionados, numa perspectiva de crescer como ser humano, profissional, mulher talvez, apesar de neste campo felizmente estar bem resolvida comigo por agora, tenho sido coerente com o que sinto e o que penso e organicamente isso tem imprimido em mim uma nova dinâmica para encarar as situações, aceitar que nem sempre podemos ter o que queremos, mas que nada me diminui, pelo contrário sinto-me grande por saber que não deixo por dizer, não deixo por fazer, não me deixo bloquear pelo medo de perder... Como hoje tive que ouvir, comecei a vida a perder aos 2 anos de idade, perder algo que não volta nunca e perder acontece mesmo quando temos medo. No entanto só perdemos o que temos...
Hoje foi delicado mas sei que os dias decorrentes serão ainda mais invasivos, há muito para "escavar",mas é com incontido orgulho que pela primeira vez desde há algum tempo penso na primeira pessoa:EU.
As duas primeiras decisões importantes do ano já estão em acção, agora é imperativo começar a resolver a primeira indecisão do ano pois ela vai ditar muitas outras decisões e em todas elas serei a autora, narradora participante e acima de tudo hei-de aplaudir-me de pé porque hei-de chegar onde só chega quem não tem medo de naufragar...
Ainda terei que enfrentar alguns "Adamastores" mas acredito que no fim me está reservado o Cabo da Boa Esperança...
Até já....

sábado, 8 de janeiro de 2011

Desigual...

2011 ainda estava imaculado das minhas manchas de escrita mas claro que isso teria que ter os dias contados até porque, bem vistas as coisas, não foi por falta de tempo ou de assunto mas sim falta de vontade... resolvi postar hoje porque parece que as festividades finalmente já lá vão e assim já não corro o risco de dar por mim a ponderar se devia ou não tecer considerações para a mudança de ano... Ainda assim ponderei...
Optei por nada tecer como considerações ao ano que acaba, no sentido de não elaborar uma mítica listas de prós e contras. Acabou. A reter liçoes, as pela positiva e as pela negativa, todas elas foram sem dúvida muito importantes e ajudaram a que 31 de Dezembro tenha sido eleito como o dia em que me recusei a dizer "Ano Novo, Vida Nova". Não precisava de um ano novo, precisava, por vezes, de um espírito "novo" e para alcançá-lo o trabalho tem que ser diário...
Também não comi doze passas, não vesti cueca azul, não saltei da cadeira, não entrei com o pé direito em lado nenhum... Se o nível de sorte se medir mesmo por uma escala de superstições então posso dizer que estou abaixo da linha de água porque quebrei todos os protocolos para a noite de transição...
Não pedi doze desejos, não pedi um que seja, apenas me reciclei e vi que a maior parte do que podia desejar já tenho e apenas tenho que sobrevalorizar... havia de facto algumas arestas a limar comigo própria, acho que deixei ficar "quadrada" nalguns pensamentos e atitudes...
Não mudei no que sinto, por quem sinto, no que penso, em quem penso... Mudei no ter mais força de vontade e acima de tudo mais motivos para pensar em mim, mais vontade do que nunca de me realizar...
Claro que teve que haver desilusões, perceber que quem diz que está "sempre lá" a maior parte das vezes di-lo para ficar bem mas que as atitudes mostram o contrário (e esta chapada apanhei-a de alguém que cresceu a meu lado!), tive que digerir mais uma ceia de ironia e tive, principalmente, que perceber que estar sozinha é o contrário de estar acompanhada mas o pior de tudo é estar ausente de mim. Voltei a mim, depois de andar um pouco à deriva mas tenho finalmente cabeça, tronco e membros empenhados em fazer-me convergir para novos rumos, novas directrizes e de ser eu a procurá-las, ao invés de acreditar que vêm ter comigo...
Para trás fica mesmo o passado. Desse há que guardar o que é bom de guardar mas fazer delete a tudo o resto, está a consumir energias sem necessidade e finalmente percebi que a melhor energia com que posso contar é a minha... Só assim a do Universo acompanha a minha vontade....
Para terminar o primeiro post oficial do ano um grito surdo.... vou ser diferente ou desigual... não diferente dos outros, diferente de mim...
Até já...