quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Estímulo/Resposta


"A experiência clássica de Pavlov é aquela do cão, a campainha e a salivação à vista de um pedaço de carne. Sempre que apresentamos ao cão um pedaço de carne, a visão da carne e sua olfação provocam salivação no animal. Se tocarmos uma campainha, qual o efeito sobre o animal? uma reação de orientação. Ele simplesmente olha, vira a cabeça para ver de onde vem aquele estímulo sonoro. Se tocarmos a campainha e em seguida mostrarmos a carne, dando-a ao cão, e fizermos isso repetidamente, depois de certo número de vezes o simples tocar da campainha provoca salivação no animal, preparando o seu aparelho digestivo para receber a carne. A campainha torna-se um sinal da carne que virá depois. Todo o organismo do animal reage como se a carne já estivesse presente, com salivação, secreção digestiva, motricidade digestiva etc. Um estímulo que nada tem a ver com a alimentação, meramente sonoro, passa a ser capaz de provocar modificações digestivas"

Pavlov orientou alguns estudos no sentido de entender estímulos, estímulos neutros e estímulos condicionados... Não pararia hoje para reflectir nesta temática se não encontrasse tantos paralelelismos entre o cão e o ser humano, mas apenas no sentido de que ambos salivam involuntariamente ao ver um pedaço de carne... Mas nos cães não me choca, o instinto animal não os faz providos de capacidades cerebrais de discernimento, capaz de evitar a resposta. Quanto a nós, humanos, choca-me um pouco a facilidade com que cada vez mais a resposta surge antes do próprio estímulo... sinto-me envolta por uma sociedade em que os estímulos são cada vez mais condicionados do que inatos, as pessoas têm medo de ser naturais, de ser elas próprias, acobardam-se do que sentem e que isso possa ser visível aos olhos dos outros... Mas, afinal, somos nós os racionais ou os irracionais??? Sim, pq é irracional pensar nos instintos porque ou são naturais ou são apenas mecanismos de defesa a tudo o que nos poderia apanhar de surpresa... Mas o ser humano é cobarde e pensa que domina os seus reflexos, se bem que o pior é quando muda o estímulo e não tínhamos ainda criado mecanismos de encaixe para lhes dar resposta. Aí é limitarmo-nos a ser o cão de Pavlov e aprendermos a ser automáticos.
Para terminar uma palavra de admiração a todos os estudiosos que perderam tempo a estudar o sistema estimulo/resposta, as teorias do comportamentalismo(behavior) mas... perdoem-me acreditar apenas que quanto mais se estudam as pessoas mais se aprende com os animais porque eles ao menos agem involuntariamente.Infelizmente (ou não) ao ser humano foi dado consciência e capacidade de analisar que às vezes as nossas respostas são exactamente o oposto do estímulo que recebemos.... Mas com o termo consciência surge-lhe também a antonímia de, simplesmente, nem pensar no que as nossas acções provocam... se calhar até é mais fácil não pensar mas enquanto eu andar na vertical, tiver rabo em vez de cauda e falar em vez de ladrar, prefiro ir salivando por tudo aquilo que é consciente e não pelas simples campainhas que tocam apenas por tocar....
Até já...