segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não são carne nem peixe....

Há dias, sítios, pessoas que não são carne nem são peixe.... são ovo... Nos dias são aqueles que não correram nem bem nem mal, em que nada de diferente nos cativou, em que parece nada termos aprendido, amado, admirado, experimentado... São dias...
Nos sítios são aqueles que não nos dizem grande coisa, onde temos que estar algumas vezes até por "obrigação", que não nos trazem nenhum prazer especial por lá estarmos nem nos aborrecemos muito se não tivermos que ir e pudermos, em vez disso, estar onde de facto faz sentido para nós.
Pior é nas pessoas... Há as que são carne ou peixe.... são exactas, lineares, constantes e com uma personalidade forte. Agora as que são ovo....ui... medo!!!! Não sou melhor nem muito pior que ninguém, tenho qualidades que reconheço e venha quem vier sou a primeira a saber que as tenho; tenho defeitos, muitos, com a clara certeza de que ninguém melhor do que eu sabe enumerá-los.... Mas sou assertiva... Se é preto, é preto. Se é branco é branco... O cinzento é um tom diferente,não é um meio tom de acordo com o lado para onde acordo virada.
Quando nada mais resta ao ser humano, quando todas as riquezas supérfluas falham, quando a carreira não foi o sucesso esperado, quando as relações humanas se esbatem resta-nos uma certeza: temos matéria-prima em nós, não aquela que é moldada pelo Mundo, os outros ou as situações, mas sim aquela que serve de tábua da lei das nossas crenças pessoais. Sim, a vida molda-nos como uma autêntica pedra de amolar, tiramos lições, ilações e referências dos nossos caminhos e experiências mas gosto de as considerar bagagem, numa carga de que não prescindo quando se trata de "viajar a espaços diferentes". Levar de nós e do que aprendemos é salutar quando não fazemos disso estigma, ou seja, quando não taxamos todos os dias, sítios ou pessoas a papel químico e usamos aquela máxima de que "por uns conhecemos os outros." Não! Cada dia, cada lugar, cada pessoa é diferente e muitas vezes acabamos por ser nós a não deixá-los passar do estádio de ovo quando pré-concebemos ideias.
Hoje, confesso, apetecia-me ser ovo apenas para me poder encerrar dentro de uma casca, ainda que isso não signifique querer esconder-me do mundo, simplesmente numa perspectiva de redoma e de encontrar-me com essa mítica perfeição do não saber onde começa e onde acaba. Onde começa um ovo? Qual é o ponto final da linha do ovo? È mais por aí, o simples não ter origem nem fim...
Até já...