sábado, 13 de março de 2010

As coisas simples da vida...

Tenho um prazer especial pelas coisas simples da vida, embora a tendência natural do ser humano seja a complicá-las e eu, pertencendo a essa espécie, acabo por fazê-lo em vários momentos.
No entanto, é o sabor da simplicidade aquele que mais gosto de recordar, são as pequenas coisas da vida aquelas que mais me enchem a alma e são, sem dúvida, as melhores marcas no meu imaginário de épocas felizes. Falo no geral, sou uma pessoa prática e sem precisar de florear muito as coisas, desde o geral ao particular, gosto do sentido prático, do lado casual das pessoas, de uma paisagem em bruto, da parte do meio das torradas, de sentar no chão mesmo quando há cadeiras, de me rir de mim própria, de sensações de bem-estar válidas unicamente pelo bem-estar: ver o mar, correr descalça na areia, sentir a chuva bater-me na cara quando danço no meio da rua... São tantos os pequenos tesouros da vida que enumerá-los seria supor que os conseguiria saber de cor, quando na realidade ainda os descubro nos passos do caminho.
Contudo, às vezes de tanto simplificar esqueço-me de separar águas e nem percebo que assumo como certeza de que esses momentos vão sempre existir, de que tudo pode ser simples, de que nem sempre basta querer e tudo se torna linear.
Durante a jornada vamos encontrando obstáculos, alguns que nos ajudam sem dúvida a aprender que às vezes é preciso começar de novo ou simplesmente saltar mais alto do que a pedra no caminho, outras vezes é apenas uma questão de pegarmos nela e de seguirmos em frente, sendo isso mais ou menos fácil, mas com a certeza de que não nos prostrámos diante de dificuldades inicialmente não supostas mas que surgem, claramente, até nos nossos percursos mais simples. A determinada altura podemos até acusar o peso que já carregamos mas só implica que já temos alguma bagagem connosco, infelizmente alguma que gostaríamos de nunca carregar, mas sem dúvida que faz de nós seres humanos mais capazes. E nestas alturas gosto de me lembrar do Mestre, "Como nada amei nem fiz, quero descansar de nada. Amanhã serei feliz se para o amanhã há estrada." Parece simples falar em ser feliz e eu com o bocadinho de bagagem que já carrego sei garantir que não é, de todo, fácil ser-se feliz. É fácil estar-se feliz... Mas nada amar nem nada fazer não se coadunam com a minha personalidade, sou uma pessoa de emoções, das mais simples às mais complexas, sou, acima de tudo, uma eterna lutadora pelo ideal de que luto por aquilo em que acredito e que "quando alguém quer muito alguma coisa o todo o universo conspira a seu favor para que se realize esse seu desejo".
Bom, ainda assim sei que nesta teoria de conspiração a nossa cota parte de comprometimento tem sempre que ser superior e tenho para mim que existem seres capazes gerarem energia suficiente para quase provocarem um novo Big-Bang. Nesse campo, acredito na minha energia, num sentido mais moderado, com a capacidade de apenas me regenerar a mim própria quando sou atirada ao tapete e também naquela energia do descobrir, aquele mítico descobrir de quem coniventemente acredita que "nada se inventa, tudo se descobre". Eu não inventei o sentir-me assim tão bem com tanta simplicidade, mas descobri-o...
Até já...