quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ícaro...

Diário de bordo do dia 3...
Ícaro desafiou todas as leis ao voar perto demais do Sol sabendo que as suas asas eram feitas cera... Naturalmente, acabaram por derreter e esta ousadia fê-lo cair em pleno mar... Apesar dos conselhos do Pai, Ícaro ousou, experimentou, tentou voar mais alto... Não conseguiu mas deu-me razão... TENTOU!
Olho para os humanos como se todos nós fossemos morfologicamente uns Ícaros, com asas de cera, mas a poucos reconheço esta ousadia de não ter medo de cair mesmo quando estão de sobreaviso... Uns arriscam derreter as asas, outros voam mais baixo porque sabem os riscos que correm... Qual dos dois o mais sensato???
Hoje não respondo à pergunta objectivamente, deixo uma retórica: Qual dos dois o mais feliz?? e porque quando o tema é felicidade eu não deixo por dizer, ficam as reflexões do dia 3: "É preciso haver Inverno antes que chegue a Primavera", mas por vezes durante o Inverno os humanos esquecem-se de preparar os terrenos para semearem as flores que querem colher na Primavera e acreditam que haverá mais Primaveras... E se não houver? E se não houver amanhã? teremos voado alto o suficiente? E se as asas só servirem mesmo para derreter e nos fazer passar por essa metamorfose?? Muitos nunca saberão, porque muitos nunca arriscarão!!!!
Já fui Ícaro e continuo sem medo de o ser, cair faz parte, é no levantar que está a virtude...
Dia 3, continuo uma aluna dedicada e com um mestrado a nível de pedras no caminho... As pedras base estão cá, só tenho que derrubar todo o muro e começar de novo, estudando melhor onde colocar cada uma das pedras que sou... A única certeza é a de que o cimento que unirá essas pedras é a consistência do que sinto, do que amo, do que acredito, do que aprendo, do que dou... Se podia já ter o castelo feito??? Se calhar poder, podia... Mas num castelo apenas bonito por fora, perfeito aos olhos de quem o vê não é garantido que haja felicidade suficiente para se morar lá e às vezes temos mesmo que fazer o "luto" de todas as pequenas coisas que perdemos ao longo do caminho para termos espaço para acolher as grandes... Pedras no caminho??? Epá, corajoso de quem não as contorna para fingir que elas não existem... ou cobarde??? Não sei, apanho as minhas... Nunca se sabe quando farão falta, nem que seja para servir de arma de arremesso!!!!
Até já....