quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ser maior do que os maiores...

Valores mais altos se levantam... Hoje tive mesmo a necessidade de escrever para me lembrar desses valores, de onde venho e do orgulho que a isso está inerente e que devo honrar acima de tudo.
Tenho que desbloquear-me e tornar-me minimamente coerente com tudo o que sei que realmente acredito, valorizo e admiro e ao qual tenho dado pouco de mim e gerido de forma muito pouco inteligente.
Hoje elevo aqui a pessoa que me fez "desestupidificar" (inventei o termo, por isso perdão se parecer incoerente) mesmo sem que ela tivesse tido alguma palavra ou consciência nesse sentido. Foi, como tantas e tantas vezes, a minha MÃE.
Escrever-lhe para quê? Porquê? Talvez para lhe pedir desculpa porque pouco pareço ter aprendido com o autêntico exemplo e lições que me deu desde ainda antes de me conhecer por gente... Estou a falar de uma Mulher que ficou viúva aos 35 anos de idade (quando a maioria de nós hoje em dia ainda nem pensou assentar na vida), com três filhas com idades entre os 2 e os 12 anos e uma delas epiléptica... Falo de uma mulher que deixou a escola quase na mesma idade em que eu a iniciei mas que sabe mais do que alguma vez aprendi nos livros. Falo de uma mulher cujo maior orgulho era juntar 8 tostões para no dia da mãe oferecer uma carcaça à mãe dela, ao invés do pão seco que comiam durante todos os outros dias do ano... Falo da mulher que quando me viu acamada e sem lhe darem esperanças da minha sobrevivência nunca à minha frente derramou uma lágrima para me fazer acreditar que estava tudo calmo. Por fim, falo da mulher que quando há um ano recebe a notícia de um cancro tem como única preocupação agarrar-me na mão, olhar-me nos olhos e dizer-me:"Filha, não chores. Eu prometo-te que vai correr bem. Esta mesma mulher que há 4 meses me conta que a ela se juntou também o Lúpus como se me estivesse a contar que comeu de mais ao almoço mas já passava.
Só pergunto... Perante esta força da natureza como posso eu ser tão pequena??? Como posso eu estar a permitir-me não lhe dar motivos para se orgulhar de todos estes momentos em que me mostrou que não há nada em que devamos baixar os braços e juntar todas as energias para sermos maiores que a nossa condição humana...
Mamã, sei que to digo tão poucas vezes porque este feitiozinho é, como tu reclamas, de falar menos do que as paredes, mas hoje, mais do que nunca, OBRIGADA!!! Precisei de levar com este banho de realidade para perceber que os meus problemas têm sido uma gota de água e que se os transformo num oceano é porque não herdei uma outra enorme qualidade tua: a inteligência! Só preciso mesmo de me lembrar a mim própria todos os dias que tenho o mesmo sangue que tu e isso deve ser mais do que suficiente!!!!!!!
Até já...